quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O perfume

Quando se tem a alma repleta de amor, ele transborda. Todos percebem a nossa felicidade. queremos espalhar esse perfume à nossa volta. E vão saltando pequenas gotículas que perfumam todos em redor. Mas é preciso que os outros se deixem tocar por este maravilhoso perfume que é o amor...

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Encontro na praia (III)

A casa vazia aguardava Patrícia. Ainda estava perturbada por aquela troca de olhares. Enfiou-se rapidamente no duche tentando que a água lhe lavasse a alma e lhe fizesse esquecer a imagem daquele homem. A verdade é que vivia sozinha há demasiado tempo e, ultimamente, sentia a falta de um abraço e de um beijo ao fim do dia. Enquanto tomava duche fechou os olhos mas em vez de esquecer parecia que aquela imagem estava mais viva a ponto de quase sentir as mãos dele a acariciá-la.

- Mas eu devo estar maluca... como é que uma rápida troca de olhares me pode ter perturbado tanto?! - Pensava Patrícia.

Por fim, enrolou-se na toalha, secou-se e, com todo o cuidado, hidratou a pele...
- Não posso correr o risco de encontrar o homem da minha vida e estar com a pele áspera e seca, não é verdade?! - E sorriu para o seu reflexo no espelho.
Depois de vestir uma roupa confortável, preparou-se para mais um jantar e um serão solitário no seu belo apartamento.


João, pelo contrário, preparou-se para um serão em família, o jantar preparado pela empregada e arrumar a cozinha enquanto a mulher ajudava o filho com os exercícios da escola. Só Fernanda é que tinha paciência para ajudar o miúdo. João perdia o controlo à mínima dificuldade de Tiago .
Enquanto Fernanda se ocupava de Tiago, João saiu para o pequeno jardim e começou a fumar um cigarro. Tinha recomeçado a fumar há pouco tempo devido ao stress que o trabalho lhe provocava. Agora saboreava aquele cigarro enquanto olhava a lua e recordava aqueles olhos azuis.

- Era melhor afastar estes pensamentos da mente. Não é assim que resolvo os meus problemas... - pensou João. Ele ainda acreditava que era possível ser feliz com Fernanda. A paixão do ínicio já não existia mas ainda a amava.

- Não acredito, João, estás a fumar outra vez... - Fernanda saira também para o jardim.
- Ainda há dois dias entrou no serviço um homem de 50 anos com um cancro de pulmão. 50 anos, João, são só mais 8 anos que tu. Quando é que te convences que isso mata...

Os argumentos de Fernanda eram sempre estes, os seus doentes do serviço de oncologia. João estava farto de saber que fumar mata. Fernanda continuou a falar de doenças mas João foi deixando de a ouvir, ia pensando se aquela mulher da praia também lhe diria para deixar de fumar...

- João, João, estás a ouvir? Estou a falar há 10 minutos e tu nem reages. Ouviste alguma coisa?

- Sim, Fernanda, já sei que fumar provoca o cancro e que mata e isso tudo.

- Mas eu já tinha começado a falar de outra coisa. Estavas a pensar em quê, afinal? Falar contigo é como falar com uma parede. Estava a falar-te...
- Desculpa, Fernanda, mas estou muito cansado. Vou dormir. - E o tom de voz não dava direito a réplica.
- Mas...

E João deixou a mulher a falar sozinha. Havia alturas em que desligava mesmo e não a ouvia. Nessas alturas já não tinha tanta certeza que ainda a amava.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Encontro na praia (II)


João tinha saído mais cedo do escritório. Atravessara a ponte antes da hora de ponta logo tinha demorado pouco a chegar à margem sul. Como ainda era cedo, e estava uma tarde espectacular, resolvera ir até à praia dar um mergulho para relaxar. A sua vida cada vez o entediava mais fosse no escritório ou mesmo em casa. Na empresa já não suportava mais ouvir falar na crise, nos ganhos e perdas, no PSI 20, no Dow Jones e em todas essas preocupações financeiras que tinham ensombrado o dia-a-dia no último ano.

O casamento também atravessava uma crise. Cada vez se sentia mais distante da mulher, sempre preocupada com os seus doentes, com o seu Serviço no Hospital, com os resultados escolares do filho, com a casa que tinha que estar sempre impecável. O sexo, quando acontecia, já não era apaixonado como antes. As mesmas carícias, os mesmos gestos, os corpos reagiam de maneira automática. Sim, o fantasma da rotina ensombrava-os. Longe iam os tempos em que se conheceram e a química era irresistível. Os primeiros anos de casados tinham sido espectaculares. Apesar das vidas profissionais agitadas e stressantes, quando estavam juntos entendiam-se muito bem. Fernanda era divertida, sensual, apaixonada sem se preocupar com coisas corriqueiras. Depois de uma gravidez complicada que terminou com um parto difícil, Fernanda dedicou-se completamente ao filho e foi-se afastando, esquecendo que João também fazia parte da sua vida. O filho, que João desejara tanto, foi ficando sempre mais ligado à mãe a ponto de João se sentir um intruso entre eles.
Naquela tarde, ia pensando nisso tudo e naquilo que a sua vida se tinha tornado. Aquela praia transmitia-lhe uma sensação de liberdade total. Tirar a roupa era como despir todas as máscaras que usava, a do gestor de sucesso, a de marido feliz, a de pai extremoso... Nada se comparava a nadar completamente nú, só ele e o mar.

Embrenhado nos seus pensamentos mal reparara naquela mulher de belos cabelos loiros. Primeiro que tudo, chamava a atenção porque parecia completamente deslocada naquela praia e depois parecia estar assustada. Pareceu-lhe que a mulher não se tinha apercebido que tipo de praia era aquela.

Depois de um mergulho, sentiu-se completamente revigorado e deitou-se para aproveitar aquele fim de tarde. Infelizmente o sossego foi interrompido pelo irritante som do telemóvel. Enquanto tentava resolver mais um problema, viu que a mulher se levantava. Os seus olhos cruzaram-se. Instintivamente, João escondeu a mão esquerda onde brilhava a aliança. Aquela mulher agradava-lhe e muito. . Ela corara e isso era enternecedor. Os olhos azuis que o fixavam deram-lhe uma sensação de perigo iminente, recordando-lhe a excitação da conquista e da descoberta...

domingo, 13 de setembro de 2009

Encontro na praia(I)

Um dia, depois de terminar o seu turno no hospital, Patrícia descobriu aquela praia. O Verão estava, ainda, no ínicio e a praia parecera-lhe sossegada já que havia pouca gente e as pessoas estavam relativamente afastadas umas das outras. A enfermeira andou um pouco e escolheu o sítio ideal para estender a sua toalha e descontrair de um longo dia de trabalho. Finalmente podia descansar e aproveitar para ler um pouco. Ao fim de algum tempo apeteceu-lhe dar uma caminhada à beira-mar. Aquela tarde de Verão estava, realmente, muito agradável e ela adorava a sensação de frescura das ondas a baterem-lhe nas pernas.
Só nessa altura é que percebeu que aquela praia, que lhe parecera tão pacata, era uma praia diferente. Quando viu a primeira pessoa sem roupa, achou que estava a ver mal. Mais à frente encontrou outra e começou a pensar que era uma estranha coincidência. No entanto, um olhar mais atento ao que a rodeava revelou-lhe o que ela começava a temer, estava numa praia naturista. Olhou para si mesma, com o seu espectacular bikini azul bordado com missangas.
- Realmente, nada mais ridículo do que uma pessoa vestida no meio de uma pequena multidão de nudistas. - pensou Patrícia.
Um pouco preocupada por estar ali sozinha, voltou para trás. Deitou-se mais um pouco na toalha com os olhos pregados no livro tentando não olhar para mais ninguém. Sair a correr dali era o que lhe apetecia já que se sentia extremamente desconfortável mas conteve-se.
O dia aproximava-se do fim e começou a levantar-se uma brisa que arrepiou Patrícia. Era chegado o momento de ir embora. Ao levantar-se para arrumar as suas coisas, reparou num homem que estava a poucos metros de si. Moreno, alto, corpo bem modelado sem gorduras inestéticas e com os músculos bem definidos, enfim era um homem deveras interessante. Os cabelos grisalhos davam-lhe um ar distinto e charmoso. O homem falava animadamente ao telemóvel mas, ao sentir-se observado, levantou os olhos e trocaram um olhar intenso. E sorriu, perturbando Patrícia ainda mais. Ela sentiu calor no rosto e pensou:
- Idiota, já não tenho idade para corar quando um homem olha para mim.
Apressadamente saiu dali. A tarde tinha sido tudo menos tranquila... (continua)

Escrevinhar...

Sempre gostei muito de ler. Os livros eram os meus maiores companheiros na adolescência. Um dos meus sonhos e ambições era ser capaz de escrever histórias que prendessem os leitores como aquelas histórias me prendiam a mim. Ainda fiz umas tentativas. E estou a preparar-me para tentar outra vez...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Pelas tuas águas...


E um dia embarcar num veleiro e partir sem destino. Só tu, eu, o céu e o rio. Alimentarmo-nos de amor, dormir sob as estrelas e vivermos apenas e só para estarmos juntos sem qualquer outra preocupação... Um sonho para um dia cumprir...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Nas tuas margens...

Hoje estive, literalmente, nas tuas margens... Eu, as palavras escritas num livro e os acordes da música que ouvia... Olhei em volta e vi as pessoas que por ali andavam, as crianças brincavam no parque, os idosos gastavam por ali as horas a conversar de banalidades e uma jovam mulher almoçava num banco deste jardim que beija as tuas águas. De vez em quando, quando levantava os olhos do livro, via passar um ou outro homem com olhar vazio, distante, como se andassem só por ali sem chegar a lugar nenhum. O silêncio era cortado de vez em quando pela gargalhada de umas adolescentes que aproveitavam a sua liberdade momentânea. Aquele jardim, na tua margem, já foi cenário de tantas cenas diferentes do teatro da vida... jovens que procuram descobrir o que é isso que chamam de amor, crianças que correm e brincam... idosos que choram a solidão, desesperados que procuram, na morte, respostas às suas inquietações e se atiram de braços abertos para as tuas águas. Ali, até eu já chorei... tinha 16/17 anos e um dos meus sonhos tinha acabado de ser destruído. Jardim e rio, diferentes faces de uma mesma moeda, testemunhas silenciosas da vida de tantos e tantas...

domingo, 6 de setembro de 2009

Meu querido diário (I)

"Meu querido diário, quando eu sinto algo que me enche o coração, eu escrevo (...) desde há muito que a escrita é o meu desabafo, é nela que brota tudo o que sinto (...) escrevo porque não sou daquelas pessoas que guardam o que sentem e que aos poucos e poucos se consomem (...) espero que não sejam as emoções que vão acabar comigo, quando isto estiver a acontecer, pego numa folha e escrevo, escrevo tudo o que me vem à cabeça"



Excerto do meu diário, escrito em Dezembro de 1987

sábado, 5 de setembro de 2009

Raios de sol...

No meu caminho diário entre o trabalho, a casa e a casa da praia, o rio Tejo está sempre presente como pano de fundo... Com as suas pontes, os seus mochões (essas pequenas e disputadas ilhas do Tejo) e o seu encontro com o mar. Quando a viagem é mais longa e cansativa, há uma visão mágica que me dá alento para continuar... Depois de uma curva, no fim de uma subida, lá aparecem as águas azuis do Tejo douradas pelos raios de sol da manhã que desponta...