quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Encontro na praia (VIII)

Patrícia observava João enquanto ele falava ao telefone. Aquela chamada parecia tê-lo perturbado muito. Ele parecia inquieto e quase furioso. E, também, misterioso…

A verdade é que ela rebolara na areia com um perfeito desconhecido. Tinham conversado muito mas João era uma incógnita para ela. Não sabia se ele lhe tinha dito toda a verdade sobre a sua vida. Até podia ser casado e estar a ter uma discussão com a mulher.

- Não, não pode ser. Eu não merecia isso. Não, agora que encontrei um homem que me fez vibrar como nenhum outro antes. Não, de certeza que ele não é casado. Estou a ser insegura. Estou com estes pensamentos porque não consigo acreditar no que me está a acontecer. – Patrícia matutava nestas coisas enquanto ele continuava inquieto, andando de um lado para o outro. Mal sabia Patrícia como o seu instinto estava correcto.

Finalmente, João desligou. O coração de Patrícia quase saltava do peito de tão acelerado. Ele continuou a fitar o telemóvel parecendo já nem se lembrar da sua presença.

No momento seguinte, o olhar de Patrícia cruzou-se com o olhar de João e o rosto dele iluminou-se num sorriso:

- Desculpa. Vou ter que ir. Tenho um problema familiar para resolver.

Patrícia não conseguiu disfarçar a desilusão. Imaginava que não se iriam separar tão cedo.

- Lamento mas não posso deixar de ir. Se me deres o teu número, posso ligar-te mais tarde? Para me explicar com calma. – E para pensar bem no que lhe vou dizer, pensava João. Não tinha mesmo feitio para mentir.

João aproximou-se mais e acariciou-lhe o rosto.
- Acredita que a última coisa que eu queria, era deixar-te. – Disse ele com sinceridade.

Patrícia não sabia o que lhe responder. Quase sem dizer nada deu-lhe o número e gravou o número dele no seu próprio telemóvel.

João despediu-se com um roçar de lábios porque se a beijasse como desejava não seria capaz de a largar.

Patrícia viu-o afastar-se sem sequer olhar para trás e não sabia como se sentir. A sua insegurança levava-a a pensar que tinha cometido uma imprudência ao rebolar com ele na areia. E o pior era que sentira vontade fazer amor com ele ali mesmo na praia o que teria sido uma imprudência ainda maior.

- Mas que ridículo. Sou uma mulher adulta mas estou a sentir-me como uma adolescente que se envolve com um homem pela primeira vez.

No passado, quando tinha namorado e ia à praia isso era sempre sinónimo de momentos muito excitantes. A praia tinha o dom de lhe despertar os sentidos, o calor, o som das ondas, os corpos com pouca roupa, a sensualidade do creme aplicado com delicadeza. Depois de um dia de praia, a noite era sempre deliciosa. No entanto, nem mesmo rebuscando nas memórias dos seus melhores momentos do passado, se conseguia lembrar de um homem ou de uma situação que a tivesse excitado tanto. É verdade que não tinha tido muitos relacionamentos mas o que lhe acontecera neste dia fazia-a pensar que nunca tinha estado verdadeiramente apaixonada.