- Olá, entra. Estou mesmo a acabar
de preparar o nosso jantar. - disse Patrícia com um lindo sorriso.
- Cheira muito bem. O que é?
- Espero que gostes de pasta. É spaguetti alla carbonara.
-
Adoro pasta. Espero
que combine bem com este vinho. - e mostrou garrafa que comprara.
- Parece-me bem. Queres ajudar-me
a abrir? - e Patrícia encaminhou-se para a cozinha à frente de João. A visão
daquele corpo espectacular perturbou-o profundamente. E para ajudar, ouvia-se uma enebriante música vagamente parecida com tango...
A cozinha do apartamento de
Patrícia era pequena mas acolhedora. João abriu a garrafa enquanto a jovem
dispunha a pasta numa travessa. Como
o espaço era exíguo, era inevitável tocarem-se. E foi que aconteceu quando
Patrícia procurava uma colher para servir, tocou ao de leve na mão de João que
pousava o saca-rolhas na bancada. Tanto um como outro sentiram um arrepio que
lhes percorreu o corpo de alto a baixo. A atracção era tão intensa que parecia
inflamar o ar que os rodeava. João aproximou a boca dos lábios entreabertos de
Patrícia que pareciam pedir para ser beijados mas ela afastou-se quebrando o
encanto que os rodeava.
- Vamos jantar? - perguntou
Patrícia fazendo de conta que não se passara nada.
Patrícia pousou a travessa na mesa
da sala e começou a servir. João estranhou a atitude da Patrícia mas
acompanhou-a até à mesa servindo o vinho. Sentaram-se em silêncio e começaram a
comer. A promessa do beijo continuava ali entre eles. Durante alguns minutos só
se ouvia o som de ambos a mastigar e a música.
- Então...- disse Patrícia ao
mesmo tempo que João também quebrava o silêncio:
- Porque que é que... - João
interrompeu-se - Diz tu. O que é que estavas a dizer?
- Diz tu primeiro. Tu é que
disseste que precisavas de conversar.
João ficou atrapalhado. Na verdade
dissera aquilo porque queria muito vê-la. E, também, tinha que lhe dar uma
justificação pela sua saída repentina daquela tarde. Não sabia bem o que lhe
dizer mas suspeitava que não lhe podia dizer toda a verdade sobre a sua vida.
Decidiu ser sincero, pelo menos em parte:
- Se queres que te diga, eu disse
isso porque queria muito ver-te. Não esperava um convite para jantar mas ainda
bem que vim até cá. O teu spaguetti
está divinal. Agora posso eu fazer uma pergunta?
- Bom, não estou muito satisfeita
por me teres tentado "enganar" fazendo-me acreditar que precisavas de
um ombro amigo.
- Talvez até precise mesmo do teu
ombro mas primeiro deixa-me fazer a tal pergunta.
- Está bem. Diz...
João pegou-lhe na mão e ela não se
esforçou por retirá-la.
- Porque é que, depois do que se
passou esta tarde na praia, fugiste do meu beijo há pouco? Eu sei que te
apetecia tanto como a mim.
Patrícia corou com aquele seu jeito de menina tímida e desviou o olhar. João tocou-lhe, ao de leve, no queixo forçando-a a olhá-la nos olhos. Patrícia enfrentou-lhe o olhar.
- A minha atitude desta tarde foi,
completamente, fora do vulgar. Não deixas de ser um desconhecido. Não sei nada
sobre ti. Convidei-te cá para casa porque pensei que viesses explicar o que se
passou para teres saído da praia daquela maneira. Fiquei muito confusa por ter,
literalmente, rebolado na areia contigo e logo a seguir saiste a correr e
deixaste-me sozinha. Nem imaginas como me senti. Afinal o que se passou
contigo? Há algo que eu deva saber?
João fitou-a e tentou ordenar os
pensamentos. E, finalmente, começou a falar:
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