segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Encontro na praia (VII)

- Perturbei-a. Desculpe. Esqueça a minha sugestão. Venha, está comigo, não lhe vai acontecer mal nenhum. - A sua voz soou algo paternalista e Patrícia não gostou muito.

- Não tenho medo. Vamos a isso. Não preciso de protector. – E, levantando-se, começou a andar.

O ambiente tinha ficado estranho entre os dois depois daquele diálogo. Foram caminhando em silêncio e João não sabia como havia de aligeirar o ambiente. Não lhe ocorria nada inteligente nem sequer uma piada. Patrícia também sentia o ambiente pesado…

- Desculpe a minha reacção brusca, João. Sou muito insegura e tímida. Pensei que estava a gozar comigo por eu ficar incomodada com a ideia de fazer nudismo. – Começou, novamente, a ficar corada. Não sabia o que a levava a confiar naquele homem a ponto de lhe confessar aqueles sentimentos.

- Não era, de todo, minha intenção gozar consigo. Acho a sua perturbação encantadora – E, parando de andar, tocou-lhe no queixo para a fazer olhar para si e sorriu-lhe. Sentiu uma vontade irresistível de a beijar…

O toque dele fê-la arrepiar-se e perpassou-lhe pela ideia, novamente, as imagens do sonho. Retribui-lhe o sorriso e aproximou-se mais dele. Também sentia vontade de sentir os seus lábios.

Os olhos de ambos espelhavam o desejo. João tomou a iniciativa e beijou-a. Primeiro devagar, tocando-lhe ao de leve nos lábios mas não conseguiu ficar por ali. Beijou-a com paixão e Patrícia correspondeu-lhe com avidez. Sem se aperceberem caíram na areia, continuavam a beijar-se, abraçaram-se e acariciaram-se.

A maré estava a subir e uma onda encharcou-os despertando-os do torpor do desejo que os estava a dominar. Afastaram-se:

- Patrícia, desculpe. Não sei o que me deu.

Ela disse, sorrindo:

- Se calhar, começa a ser ridículo, tratarmo-nos por você.

- Bom, realmente. Então, desculpas-me Patrícia?

- Não estou a ver porque estás a pedir desculpa. Só se for por teres deixado de me beijar.

- A verdade é que me senti muito atraído por ti desde a primeira vez que te vi. Tenho pensado em ti todos os dias. Estou a ser sincero. Parece ridículo pensar em ti sem te conhecer mas, hoje, depois de ter conhecido e conversado tanto contigo, a atracção ainda ficou mais forte.

Patrícia ficou muito atrapalhada. O coração batia acelerado e ela não sabia o que dizer.

- Se calhar é melhor voltarmos.

E, voltando as costas, começou a caminhar. Ele ficou atónito mas seguiu-a. Quando o sentiu a seu lado, Patrícia procurou a mão dele e apertou-a. Ele percebeu que a timidez não a deixava falar mas que a atracção era mútua.

Quando chegaram ao pé das toalhas, o telemóvel de João tocava freneticamente. Ele correu para atender mas já não foi a tempo. Quem ligava era Fernanda, o que o trouxe abruptamente à realidade. Viu que já tinha 5 chamadas não atendidas da mulher.

- Vou ter que retribuir esta chamada. Dás-me um minuto?

Patrícia acenou que sim, até ficava agradecida por ficar só durante uns momentos para digerir o que se tinha passado.

Ele afastou-se e ligou para Fernanda, já antecipando a discussão que teriam por ele não ter atendido o telefone…